LUANDA, Ontem, Hoje e Amanhã
A
cidade de Luanda comemora, nesta sexta-feira (25 de Janeiro), o 443.º
aniversário da sua fundação, e enfrenta antigos problemas de saneamento,
trânsito automóvel desordenado e expansão habitacional paradoxal. Luanda está
inserida na lista de cidades em vias de desenvolvimento com rápido crescimento
populacional e urbano.
O rápido crescimento urbano e desordenado da capital deu origem a vários
problemas como: Degradação das
condições de saneamento básico, Dificuldade de acessos por falta de estradas
secundárias e terciárias em bom estado, Construção em lugares propensos a
inundações e desabamentos, Trânsito caótico;
Entre outros fenómenos que ocorrem na capital.
Embora muito querida por nós, Luanda
está acarretar problemas que carecem de uma resolução urgente !
Entrevista:
Engenheiro
António Venâncio
No tocante a Cidade de Luanda, precisamos dividir a cidade em
duas grandes áreas: A Cidade consolidada e a Cidade Nova. A cidade Nova não
está a receber infraestruturas adequadas e dimensionadas para o nível de
população.
Na cidade consolidada foram erguidas infraestruturas que
acabaram por ser traídas pelo número de pessoas que vieram viver pra parte
consolidada, ou, seja quando falamos da cidade antiga que cresceu para o José Pirão e Alvalade, e mais, estamos a falar de uma cidade que evidenciou uma
explosão no seu crescimento com novos edifícios e por consequência,
aumentou o número da população residente na CIDADE
CONSOLIDADA. Não houve um redimensionamento das infraestruturas que estavam
enterradas, então elas colapsaram.
Por outro lado, os Esgotos residuais e Drenagem, das águas
pluviais. O que acontece é que temos o sistema orditário, tudo misturava-se, os
esgotos fecais e as águas pluviais iam todos para a Baía de Luanda, o que
começou a contaminar em excesso, vimos que era preciso separar e começou-se
então a separar as águas negras das águas claras e fez-se um emissário marítimo
para mandar para longe as águas residuais. Mas isso não resolveu o problema.
As Contribuições “a nível da rede esgotos” que vêm da
Sapú e outros Bairros têm afetação também no centro da cidade, e quando a
fizemos projectos na parte consolidada temos que ter em conta as contribuições
que vêm do Cazenga , Rangel, Golf, Coelho etc, toda análise deve ser feita em
toda essa área geográfica e isso não aconteceu.
A taxa do crescimento populacional continua a crescer
a sua percentagem ao Ano, e as infraestruturas continuam não preparadas para
toda essa carga de fluxos Hidrológicos e também de resíduos fecais que são
produzidos por este grande número de pessoas de cerca de 9000.000 de pessoas.
QUAL A SOLUÇÃO?
Criar eixos de fuga para o interior, facilitando os
movimentos pendulares do interior para cidade e vice-versa. Toda aquele que
entra para cidade deve poder sair a qualquer momento e sentir conforto. Se as
via e transportes facilitassem o movimento Huambo-Luanda e outros, de forma confortável
diminuiria o número da população.
Luanda daqui a cinco anos poderá ser uma cidade com
muitas carências a nível do saneamento maiores do que as atuais. As coisas
estão a degradar cada vez mais por causa do número de população.
“Defendo que, Luanda como capital de
Angola, já não serve.... Para uma capital que se coloca ao nível das capitais
das outras nações do Mundo, Luanda não tem condições. Teremos que escolher
outro ponto do país para a partir dai contruirmos uma cidade. E isso poderá ser
feito de modo faseado ao longo dos anos, mas já não conseguiremos transformar
Luanda numa pérola ou capital de mais prestígio”.
Todos os anos são mais de trezentas mil pessoas
aproximadamente para capital, o que nos leva a pensar que daqui a mail 2 (dois)
ou 3 (Anos) teremos mais o aumento de mais um milhão na população, e não temos
nem infraestruturas, nem habitações suficientes para mais 300.000 Habitantes.
“Não basta construir habitações, as habitações precisam de Infraestruturas”
O nível de importância que damos à habitação, não é o mesmo
que damos as Infraestruturas. Estamos a falar de infraestrutura de apoio às
habitações e de Infraestruturas de ligação com a Cidade Consolidada, o que nós
chamamos de conurbação. Não tento esse pensamento como ponto de partida, não
podemos dizer que as obras do KILAMBA já estão concluídas.
O Caso do Kilamba:
As
casas do Kilamba terminaram, está pintada, tem luz etc. Mas ainda está em falta
Infraestruturas, Estação de tratamento
de Águas (ETAR E ETARS) e uma rede de encaminhamento das
mesmas águas a um destino final, o que ainda não existe.... As pluviais no kilamba vão aonde calhar....
“O Kilamba não está concluído”
O Caso do Zango:
Quando
falamos de construir 500 casas, é pacífico... Não se constroem milhares de
casas umas atrás da outra... O Zango é uma Falha...
Quando
tiramos a população de um lado para o outro, não devemos pensar exatamente
nelas, mas nas suas posterioridades “Os Filhos” . Quando pensamos no Zango
devíamos estar a pensar no crescimento de uma cidade, com Bibliotecas, com
estádios de futebol, museu, escolas e universidades, e em vez disso pensamos
nas casas...A frase mais o horríveis que houve na minha vida como profissional de construção foi: Vamos construir Um milhão de casa.... Não se constroem casas, Constroem-se CIDADES. E é esse espírito que levou a construir os zangos.
Entrevista:
Engenheiro Durbalino De Carvalho
A
rede de esgoto faz parte do conjunto de problemas de luanda. Ao falar deste
mesmo problema devemos ter em conta 3 factores:
§ Luanda consolidada: a rede de esgoto é unitária e de
época colonial, em que se aproveitou o relevo da cidade para fazer escoar a agua
das redes no mar. Deve-se analisar o tratamento das águas pluviais, e o maior
problema é que essas águas vêm acompanhadas de alguns resíduos/detritos que
criam constrangimentos na evacuação das águas.
§ Novas centralidades: Elas estão muito longe do ponto da
cidade que se faz o escoamento das águas residuais (mar), pensamos as vezes que
a solução parte em criar bacias que escoem as aguas mas temos observado na via
expressa que quando há acumulação de aguas das chuvas e aguas residuais a bacia
de retenção não consegue suportar causando problemas no transito.
§ Musseques (não consolidada): é um caso muito
sério. Sabemos acompanhando alguns projectos do executivo associados ao
realojamento e nesse processo vamos colocando as infraestuturas nessas
localidades e em paralelo vai se minimizando algumas soluções de vala aberta
como na Samba, para escoamento das águas residuais e termos soluções, não as
melhores, mas soluções que coadunem com a realidade dos nossos musseques.
Por
exemplo, o Zango 5, o Zango 5000 surgiram do Zango 1 que foi um projecto de
realojamento da população que vivia em zonas degradadas no Sambizanga,
cadastrou-se e fez-se o realojamento e dimensionou-se as infraestruturas para
essa população. O Zango passou a ser a escapatória de todos os realojamentos,
as infraestruturas não foram dimensionadas para o número de pessoas que tem
hoje.
QUAL SERIA A SOLUÇÃO MAIS EFICAZ?
A
solução é uma palavra muito pequena chamada Manutenção. Devemos criar programas
a nível municipal, governamental, para no tempo seco fazer-se a manutenção das
redes. Como dito anteriormente, as chuvas acarretam os resíduos sólidos da zona
não consolidada obstruindo os canais das redes de esgoto não permitindo a
passagem das águas em tempos chuvosos, sendo menor a quantidade de água que
passa resultando em retorno e na abertura das tampas. As administrações devem
ter dinheiro suficiente para essas manutenções.
Outra grande solução seria reduzir as assimetrias entre a grande luanda
e as sedes municipais e provinciais. Se em outras províncias ter as condições
mínimas de habitabilidade, moradias, serviços, saúde, educação, etc, Luanda
deixará de ser um polo atrativo, e as pessoas do interior não sentirão mais a
necessidade de vir para Luanda.
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