Citação do dia

"... não basta construir habitações, as habitações precisam de infraestruturas…"

Eng.º António Venâncio (2018)

DAVID ADJAYE, “O ARQUITECTO JOVEM MAIS BEM SUCEDIDO DE ÁFRICA”



David Frank Adjaye (Setembro de 1966) é um arquiteto britânico ganês e é o principal designer do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, localizado no National Mall em Washington, DC.

            David Adjaye nasceu mesmo na Tanzânia, mas seu pai era diplomata de Gana. Por isso, passou a infância conhecendo lugares diferentes, como o Egito, até ir morar na Inglaterra.




1990 Bacharelado em Arquitetura pela London South Bank University , foi indicado para as medalhas do Presidente do RIBA e ganhou a Medalha de Bronze RIBA pelo melhor projeto de design produzido no nível BA em todo o mundo.

1993 formou-se com um mestrado no Royal College of Art .

1994 foi fundado seu primeiro escritório ao lado de William Russell.

2000 estabeleceu o seu atual estúdio, o Adjaye Associates.

Agora, além de projetar, ele dá aulas em Yale e Princeton, e publica livros, como o ‘David Adjaye Houses’.


CARACTERÍSTICAS DA SUA ARQUITECTURA

David Adjaye está em simultâneo nos antípodas da arquitectura pós-modernista e do high-tech. Trabalhou com David Chipperfield e Eduardo Souto de Moura, arquitectos cuja obra assenta no rigor conceptual e numa síntese radical dos elementos que compõem a construção e que protagonizaram uma alternativa concreta na arquitectura do final da década de 80.

Eduardo Souto de Moura
David Chipperfield
 
O trabalho de David Adjaye tem influência em várias vertentes da arte contemporânea, retratando o presente e o atual. Essas questões, envolvendo principalmente sua raiz histórica, o transformaram em um arquiteto de “responsabilidade social”.

Pode-se perceber, nas obras de David, como suas experiências de vida o fizeram sensível às questões de lugar e identidade. Também se nota a preocupação com as diversas necessidades das comunidades, respeitando sua integração, seus desejos, ambições e restrições.

De forma bem engenhosa, o arquiteto enfatiza a existência dessas diferenças através dos jogos de cores, de luz e sombra, e de positivo e negativo das formas.



SUA VISÃO DA ARQUITECTURA ACTUAL FACE A SOCIEDADE

A arquitetura tornou-se desnecessária, o mistério saiu da caixa, a internet acabou com isso. Precisa-se fazer algo mais, precisa se criar; a internet destruiu uma parte da profissão e elevou outra parte. A arte ganhou importância, e a técnica perdeu.

“O mundo da construção civil precisa entender que as pessoas não farão mais o investimento de sair de casa se o lugar de destino for incapaz de torná-las melhores. A nova arquitetura sai do diagrama modernista, que buscava integrar nossas vidas, para um diagrama que busca nos inspirar”.

            Ele representa a nova geração de profissionais que acredita no poder benéfico que sua arte pode transmitir às pessoas. Para ele, a arquitetura é uma ferramenta poderosa para a transformação social, material e conceitual.

            É com a melhoria dos espaços públicos e das moradias privadas que as pessoas conseguem se relacionar melhor – umas com as outras e também com o meio; e adquirir uma melhor qualidade de vida.

“A arquitetura hoje em dia precisa ser performática, precisa provocar emoções. Não basta ser funcional. Tem de nos inspirar”.



PRINCIPAIS OBRAS

1.      Museu de História e Cultura Afro-Americana em Washington, em 2009 –design inspirado na coroa de Yoruba.
David explora bastante a simbologia e a história que a arquitetura deve “contar” visualmente. Este deveria ser um local para celebrar e guardar a importância da história do negro no continente americano.




A importância da história do negro no continente americano. A localização e o design deste edifício representam o passado, presente e futuro da experiência afro-americana.

A norte do edifício, esta a Casa Branca, a leste, Smithsonian é o Capitólio dos EUA, sede da legislatura da nação. E ao sul e oeste estão os monumentos e memoriais de Thomas Jefferson, Martin Luther King Jr., Abraham Lincoln e George Washington, cujas contribuições para a história e cultura afro-americana são contadas no museu.




1.      Biblioteca Francis Gregory em Whashington, EUA (2012)

Flexibilidade, acessibilidade e acolhimento em um ambiente que deveria ser convidativo e harmonizar com seu ambiente em redor: As vistas do exterior, onde há um parque repleto de árvores, deveria ser enquadrada a partir de dentro e a fachada externa refletir e complementar tal composição paisagística.



Além desses conceitos, adotaram-se os padrões LEED (Sigla que significa Leadership in Energy and Environmental Design, que se trata uma certificação de construções “verdes” ou seja, “ecologicamente corretas”).
Uma vez que o edifício possui um design sustentável, e sua vegetação do entorno proporciona conforto ambiental, simultaneamente à máxima exposição das fachadas ao sol, o que é interessante no inverno e, no verão, tal incidência solar é controlada através de um grande dossel sobre o pavilhão.


Possui estruturas articuladas na fachada geométrica reflexiva que suporta a parede cortina e o telhado, enquanto as aberturas em formas de losango continuam por dentro e enquadram a vista do parque, incentivando a circulação interna para contemplação do exterior de diferentes ângulos.




Possui estruturas articuladas na fachada geométrica reflexiva que suporta a parede cortina e o telhado, enquanto as aberturas em formas de losango continuam por dentro e enquadram a vista do parque, incentivando a circulação interna para contemplação do exterior de diferentes ângulos. Na fachada interna há o uso expressivo da madeira, para dar um toque aconchegante e ressoar com o cenário da floresta.
Escola Superior de Administração de Moscou (2010)


Algo que atrai a atenção aqui são as desproporções inusitadas, imprevisíveis e assimétricas. O que também representa tal disposição dos blocos edificados é a abertura, coesão e ausência de hierarquia.
Os quatro edifícios empilhados fornecem conectividade interna para permitir fácil acesso sem sair, o que é muito interessante principalmente no inverno. As quatro estruturas contêm espaço de escritório administrativo, um Centro de Bem-Estar, um hotel de cinco estrelas e moradia estudantil.

Uma referência comprovada por David para este projeto foi a arte de vanguarda do século XX, principalmente as pinturas cubistas do artista russo Kazimir Malevich que são reminiscentes de motivos africanos.

Já em relação às questões climáticas, por causa do rigoroso frio no inverno, os materiais exteriores têm propriedades únicas de resistência às intempéries. Na fachada usaram materiais compostos de alumínio de Alucobond. Quanto às estruturas, teve de ser usada uma tecnologia ultrarefinada como por exemplo nos grandes vãos em balanço em betão armado. E quanto às fachadas, há todo um requinte nos inúmeros elementos de composição, que se assemelham a grandes mosaicos.

PROJECTOS RECENTES DE ADJAYE

1.      Catedral nacional de Gana (2018, ainda em curso)


A construção deve homenagear a cultura do país africano, foi pensada para ser uma representação física de união, harmonia e espiritualidade.

            A Catedral ficará em um terreno de cerca de 6 hectares próximo ao cemitério Osu e vai abrigar uma série de capelas impressionantes, um batistério, um auditório com capacidade para 5.000 pessoas, uma escola de música e uma galeria de arte, além de espaços comerciais e do primeiro Museu da Bíblia do continente africano. 
Subestação de energia elétrica



Adjaye Associates acaba de divulgar as últimas imagens do projeto de retrofit da fachada de uma subestação de energia elétrica em Newark, New Jersey. A envoltória da subestação de Farimount Heighs com quase 10 metros de altura e um perímetro de mais de 500 metros será transformada em um grande painel que receberá a obra de 14 artistas locais e internacionais, explorando temas relacionados com a juventude, educação e comunidade, enquanto o novo passeio público abrigará um mercado aberto de arte além de instalações artísticas temporárias.

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