DAVID ADJAYE, “O ARQUITECTO JOVEM MAIS BEM SUCEDIDO DE ÁFRICA”
David Frank Adjaye (Setembro
de 1966) é um arquiteto britânico ganês e é o principal designer do Museu
Nacional de História e Cultura Afro-Americana, localizado no National Mall em
Washington, DC.
David Adjaye nasceu mesmo na
Tanzânia, mas seu pai era diplomata de Gana. Por isso, passou a infância
conhecendo lugares diferentes, como o Egito, até ir morar na Inglaterra.
1990 Bacharelado
em Arquitetura pela London South Bank University , foi indicado para
as medalhas do Presidente do RIBA e ganhou a Medalha de Bronze
RIBA pelo melhor projeto de design produzido no nível BA em todo o mundo.
1993 formou-se
com um mestrado no Royal College of Art .
1994
foi fundado seu primeiro escritório ao lado de William Russell.
2000 estabeleceu
o seu atual estúdio, o Adjaye Associates.
Agora,
além de projetar, ele dá aulas em Yale e Princeton, e publica livros, como o
‘David Adjaye Houses’.
CARACTERÍSTICAS
DA SUA ARQUITECTURA
David Adjaye está em
simultâneo nos antípodas da arquitectura pós-modernista e do high-tech.
Trabalhou com David Chipperfield e Eduardo Souto de Moura, arquitectos cuja
obra assenta no rigor conceptual e numa síntese radical dos elementos que
compõem a construção e que protagonizaram uma alternativa concreta na
arquitectura do final da década de 80.
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David Chipperfield |
O trabalho de David
Adjaye tem influência em várias vertentes da arte contemporânea, retratando o
presente e o atual. Essas questões, envolvendo principalmente sua raiz
histórica, o transformaram em um arquiteto de “responsabilidade social”.
Pode-se perceber, nas
obras de David, como suas experiências de vida o fizeram sensível às questões
de lugar e identidade. Também se nota a preocupação com as diversas
necessidades das comunidades, respeitando sua integração, seus desejos,
ambições e restrições.
De forma bem engenhosa, o
arquiteto enfatiza a existência dessas diferenças através dos jogos de cores,
de luz e sombra, e de positivo e negativo das formas.
SUA
VISÃO DA ARQUITECTURA ACTUAL FACE A SOCIEDADE
A arquitetura tornou-se
desnecessária, o mistério saiu da caixa, a internet acabou com isso. Precisa-se
fazer algo mais, precisa se criar; a internet destruiu uma parte da profissão e
elevou outra parte. A arte ganhou importância, e a técnica perdeu.
“O mundo da
construção civil precisa entender que as pessoas não farão mais o investimento
de sair de casa se o lugar de destino for incapaz de torná-las melhores. A nova
arquitetura sai do diagrama modernista, que buscava integrar nossas vidas, para
um diagrama que busca nos inspirar”.
Ele representa a nova geração de profissionais que
acredita no poder benéfico que sua arte pode transmitir às pessoas. Para ele, a
arquitetura é uma ferramenta poderosa para a transformação social, material e
conceitual.
É com a melhoria dos espaços públicos e das moradias
privadas que as pessoas conseguem se relacionar melhor – umas com as outras e
também com o meio; e adquirir uma melhor qualidade de vida.
“A arquitetura
hoje em dia precisa ser performática, precisa provocar emoções. Não basta ser
funcional. Tem de nos inspirar”.
PRINCIPAIS
OBRAS
1.
Museu de História e Cultura
Afro-Americana em Washington, em 2009 –design inspirado
na coroa de Yoruba.
David explora bastante a
simbologia e a história que a arquitetura deve “contar” visualmente. Este
deveria ser um local para celebrar e guardar a importância da história do negro
no continente americano.
A importância da história
do negro no continente americano. A localização e o design deste edifício
representam o passado, presente e futuro da experiência afro-americana.
A norte do edifício, esta
a Casa Branca, a leste, Smithsonian é o Capitólio dos EUA, sede da legislatura
da nação. E ao sul e oeste estão os monumentos e memoriais de Thomas Jefferson,
Martin Luther King Jr., Abraham Lincoln e George Washington, cujas
contribuições para a história e cultura afro-americana são contadas no museu.
1.
Biblioteca Francis Gregory em
Whashington, EUA (2012)
Flexibilidade, acessibilidade
e acolhimento em um ambiente que deveria ser convidativo e harmonizar com seu
ambiente em redor: As vistas do exterior, onde há um parque repleto de
árvores, deveria ser enquadrada a partir de dentro e a fachada externa refletir
e complementar tal composição paisagística.
Além desses conceitos,
adotaram-se os padrões LEED (Sigla que significa Leadership in Energy and
Environmental Design, que se trata uma certificação de construções “verdes” ou
seja, “ecologicamente corretas”).
Uma vez que o edifício
possui um design sustentável, e sua vegetação do entorno proporciona conforto
ambiental, simultaneamente à máxima exposição das fachadas ao sol, o que é
interessante no inverno e, no verão, tal incidência solar é controlada através
de um grande dossel sobre o pavilhão.
Possui estruturas
articuladas na fachada geométrica reflexiva que suporta a parede cortina e o telhado,
enquanto as aberturas em formas de losango continuam por dentro e enquadram a
vista do parque, incentivando a circulação interna para contemplação do
exterior de diferentes ângulos.
Possui estruturas
articuladas na fachada geométrica reflexiva que suporta a parede cortina e o
telhado, enquanto as aberturas em formas de losango continuam por dentro e
enquadram a vista do parque, incentivando a circulação interna para
contemplação do exterior de diferentes ângulos. Na fachada interna há o uso
expressivo da madeira, para dar um toque aconchegante e ressoar com o cenário
da floresta.
Escola Superior de
Administração de Moscou (2010)
Algo que atrai a atenção
aqui são as desproporções inusitadas, imprevisíveis e assimétricas. O que
também representa tal disposição dos blocos edificados é a abertura, coesão e
ausência de hierarquia.
Os quatro edifícios
empilhados fornecem conectividade interna para permitir fácil acesso sem sair,
o que é muito interessante principalmente no inverno. As quatro estruturas
contêm espaço de escritório administrativo, um Centro de Bem-Estar, um hotel de
cinco estrelas e moradia estudantil.
Uma referência comprovada
por David para este projeto foi a arte de vanguarda do século XX,
principalmente as pinturas cubistas do artista russo Kazimir Malevich que são
reminiscentes de motivos africanos.
Já em relação às questões
climáticas, por causa do rigoroso frio no inverno, os materiais exteriores têm
propriedades únicas de resistência às intempéries. Na fachada usaram materiais
compostos de alumínio de Alucobond. Quanto às estruturas, teve de ser usada uma
tecnologia ultrarefinada como por exemplo nos grandes vãos em balanço em betão
armado. E quanto às fachadas, há todo um requinte nos inúmeros elementos de
composição, que se assemelham a grandes mosaicos.
PROJECTOS
RECENTES DE ADJAYE
1. Catedral
nacional de Gana (2018, ainda em curso)
A construção deve
homenagear a cultura do país africano, foi pensada para ser uma representação
física de união, harmonia e espiritualidade.
A Catedral ficará em um terreno de cerca de 6 hectares
próximo ao cemitério Osu e vai abrigar uma série de capelas impressionantes, um
batistério, um auditório com capacidade para 5.000 pessoas, uma escola de
música e uma galeria de arte, além de espaços comerciais e do primeiro Museu da
Bíblia do continente africano.
Subestação de energia
elétrica
Adjaye Associates acaba
de divulgar as últimas imagens do projeto de retrofit da fachada de uma
subestação de energia elétrica em Newark, New Jersey. A envoltória da
subestação de Farimount Heighs com quase 10 metros de altura e um perímetro de
mais de 500 metros será transformada em um grande painel que receberá a obra de
14 artistas locais e internacionais, explorando temas relacionados com a
juventude, educação e comunidade, enquanto o novo passeio público abrigará um
mercado aberto de arte além de instalações artísticas temporárias.
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